segunda-feira, janeiro 31, 2011

Ouço o cachorro da casa ao lado latir, já deve passar das três mas não tenho sono, nem olhos pescadores.
Pego café, sento no sofá, junto as pernas ao corpo e com os braços as seguro, é meio que um ritual, não vem de outrora, mas é.
Começo a pensar, calcular tempo e idealizar momentos crendo que os mesmos haverão de chegar, tenho me tornardo um tanto quanto otimista, e essa é uma das poucas certezas que tenho.
Acabo por lembrar de algum sabado passado, onde os risos ecoavam após um numero de telefone no guardanapo, algumas dosagens de alcool e um beijo-menta dado em alguma garota de sorriso completo, entre um poste e outro de uma das ruas mais movimentadas da cidade.
Bloqueio de pensamentos.
Parto para o ultimo domingo, ontem talvez.
Calcei os chinelos, prendi o cabelo com alguns grampos não conseguindo impedir que a franja caísse sobre meus olhos, e fiquei de casa ao meu destino final soprando para cima e sorrindo.
Sentei, haviam mais algumas pessoas no mesmo recinto nenhuma me fazendo companhia, apenas estavam lá, pedi uma cerveja, e após alguns minutos já haviam mais de dez garrafas tomando conta de todo espaço da mesa, levantei em direção a jukebox, Joplin.
Já passava das onze e o caminho até em casa seria um tanto quanto perigoso, morar em periferia tem lá seus pontos negativos. Pedi a saideira e fui bebendo, fazendo da garrafa companhia propicia ao horário. Sempre as quebro por fim - as garrafas - pelo simples prazer de pisar em cacos.
Chego em casa, deixo a água fria do chuveiro bater na nuca, não me lembro de ter sentido melhor sensação, saio ainda enrolada na toalha me prostro ao chão e converso com Sophia, na verdade não lembro dos nomes mas sim das sensações que me proporcionaram, e do hálito de bebida barata.
Ouço o cachorro da casa ao lado latir, já deve passar das três...

Selo via Insônia repentina
Fico devendo a primeira regra, parto assim a segunda.

Nome: Elisabeth Andrade
Uma música: Os Funerais do Coelho Branco II (em Linha Reta) - Dance of Days
Humor: Agridoce
Uma cor: Nude
Uma estação: Inverno
Como prefere viajar: Com o rosto grudado no vidro, de olhos atentos as nuvens.
Um seriado: Star Trek: Deep Space Nine e Skins.
Frase ou palavra mais dita por você: "Vejamos..." "Eu quero" "Que horror" e "Nossa"
O que achou do selo: Além de inesperado? (risos)

domingo, janeiro 30, 2011

Prólogo

Agora, a partir desse exato momento dei o nó na ultima ponta solta de uma primavera passada.
Levantei cedo com o sol me cegando, agradeci ao vento pela manhã (não costumo usar de bons modos, esta ai uma novidade) e sentei com os pés para fora da cama procurando pelo chão, dessa vez firme e me fazendo dar um sorriso um tanto quanto bobo. Passei os dedos entre as madeiras da cama, e fiquei ali com pensamentos bloqueados, ouvindo de longe algum ruido vindo da sala.
De onde eu estava pude me ver no espelho, ri do cabelo bagunçado e dos olhos chineses, por fim sorri para Sophia, Alice e seus outros nomes, trancafiada no reflexo.
Poderia ser mais um domingo da ultima semana de janeiro, mas não.
Levanto me arrumo e saio, preciso de uma cerveja.
Acordei para ver quanto tempo perdi com tanta areia na vista, e acabei apaixonada pelo verão.

Não tem nada aqui para mim, nem para você.

Tudo que se coagula nestas páginas, são apenas gritos abafados, após doses cavalares de sentimentalismo.
Me agarrei a essa coisa de ser feliz a qualquer custo, e a unica recompensa que tive até agora foram garrafas vazias de algum rum barato, e cicatrizes apagadas por completo.
Agora mais do que nunca há palavras fazendo morada  na garganta.
Desaprendi a escrever, acho que por falta do tal sentimentalismo, por falta de areia molhada, sensações marítimas e ventos matinais. Talvez eu nunca tenha aprendido a empregar palavras, talvez eu ainda esteja presa no eu lírico, e talvez eu seja repetitiva ao ponto de fechar meus editais.

Funerais