terça-feira, setembro 28, 2010

Terça-feira.

Uma puta manhã fria e chuvosa. Tudo um quanto errado - nas funções do meu sistema interno.
Errado ao ponto de não ter ninguém aqui pra dizer todas aquelas bobagens confortáveis; ninguém pra confortar ninguém - esta tudo errado, em todas as funções.
Em cada detalhe fica evidente que as suas marcas ainda não foram totalmente apagadas,  desde o cheio pela casa, no toque dos móveis, na cama desarrumada, e no par de chinelos alinhados logo na entrada.
Na vitrola o mesmo vinil ainda risca - deve estar pra furar, mas vai continuar tudo do jeito que estava, quando você se foi. Mudando toda a porra do sistema interno.
Além dos rastros sobraram também o evidente cheiro do frio, da terra molhada, da poeira, do sal, do sabonete, do café e da soma de medos ocultos.
Fica o cheiro insuportável, aquele cheiro de nostalgia e impulsividade.
Ninguém pra confortar, ninguém pra socorrer, ninguém pra reconfigurar, ninguém à procura de ninguém - é o problema do sistema interno.
Ninguém sabe o que quer, e o que tem que ser. Ninguém faz nada, eu creio. E foda-se toda essa história interna.

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